sábado, 31 de maio de 2008

caminhando


É verdade!
Tudo vai caminhando, como se o final estivesse antecipadamente assegurado.
O rio corre para o mar, desaparece na sua imensidão, mas "sabe" que não vai morrer.
A nuvem forma-se, cai, torna a avolumar-se e continua ao sabor do vento.
O ar não se toca nem se vê, mas ele mistura-se, desagrega-se, sobe e desce, interminavelmente.
O rio vai deixar de se chamar "rio", mas continua a ser "aquilo" que sempre foi.
Tal como a nuvem que se transforma em chuva ou os átomos que o ar transporta.
Como o ser humano que transporta emoções, que distribui sentimentos, que se enriquece de experiências...
Um dia, o universo passará por ele e acolhe-o no seu conhecimento.
Todo o pensamento está gravado, todas as emoções recolhidas, todos os actos retidos na esfera eterna do saber supremo.
A Natureza exibe a sua beleza.
A Vida resplandesce na terra, no mar e no ar.
A Eternidade esconde-se dos nossos olhos e mantém intacto o Processo Divino.
O depois segue o presente, mas só na ilusão que nos enleia.
Tudo está a acontecer, no mesmo instante, porque, afinal, tudo está "a ser" na Única Coisa Que Existe.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

odor dos deuses

Pressinto o odor dos deuses, o nectar da vida paradisíaca, onde a brisa é suave e o sol se espalha em grãos de areia macios...
Que o sorriso seja sentido!
Que o pensamento recorde!
Que as ilusões não se escondam no tempo!
Que a partida e a chegada se confundam... e nenhum vazio acorde, para além daquele onde, divinamente, sonhamos...



sexta-feira, 23 de maio de 2008

abrir a porta


O sentido da vida pode ser encontrado a qualquer momento, sem ser necessário mexer os olhos nem fazer nada diferente.
Uma frase que nos distrai o pensamento, rola e rebola, mas acaba por ficar esquecida nos segundos depois.
A mudança é necessária.
A mudança faz parte de todos os nossos planos, quer hoje quer amanhã.
Ela acaba por acontecer, ainda que só no pensamento, quando uma pessoa se sente nervosa, sem alegria, tristonha, porque o trabalho não é compensador, porque o casamento é sufocante, porque o dinheiro não existe ou é insuficiente para as despesas diárias.
Uma outra frase poderia desencaixar deste complexo ambiente que a vida nos faz experimentar.
Raramente pensamos que, mesmo naqueles momentos, um plano consciente de mudança provém da mesma imaginação que nos causou os problemas. Como uma bola de neve, outros problemas seguem-se aos primeiros, e a mudança aparece carregada dos mesmos infortúnios.
O que torna a vida digna de ser vivida pode ser apenas uma intuição momentânea, uma sensação, um olhar, um toque, uma revelação.
Pensar é muito importante e podemos usufruir de uma vida melhor se aprendermos a pensar. Aprendermos a pensar que o nosso acto seguinte deve produzir o resultado desejado, sem ofender nem prejudicar o nosso semalhante, sempre com a verdade presente, sempre com o bem-estar interior proporcionando paz e serenidade.
Olhar por uma janela nunca é apenas o acto de ver o que está lá fora.
Quando olhamos por uma janela, contemplamos um universo que contém os segredos da nossa existência.
Quando olhamos por uma janela podemos sentir a centelha que dá vida a tudo o que fazemos e vemos. Quando vislumbramos essa centelha, teremos compreendido que existe realmente um além que pode ser encontrado no que está mais perto de nós.
Então, podemos compreender que a mudança deve ser empreendida, usando o coração, usando a centelha interior, usando a verdade que há em nós.
Podemos sentir a mudança não através do desejar uma companheira perfeita, a casa dos nossos sonhos ou o emprego melhor do mundo.
Ao abrimos a porta, no regresso a casa, encontramos um mundo em miniatura. É nesse mundo que podemos contruir os alicerces da mudança. No silêncio e na compreensão. Na simplicidade das coisas e das pessoas. No pulsar da verdade que nos faz sentir eternos. Na carícia de um filho. No amor que sempre vem do companheiro. No plantar duma flor. No engomar do monte de roupa que ficou esquecida. No tocar um quadro na parede. No livro que folheamos avidamente. Nas palavras que não saem. No murmúrio do nosso Deus.

terça-feira, 20 de maio de 2008

respirar consciente

O facto de a respiração não ter forma é uma das razões que faz com que a consciência da respiração seja um modo tão eficaz de trazer espaço à nossa vida, de gerar consciência. É um excelente objecto de meditação precisamente por não ser um objecto, por não ter corpo ou forma.
A outra razão é que a respiração é um dos fenómenos mais subtis e aparentemente insignificantes, a "mínima coisa" que, segundo Nietzsche, constitui "a maior felicidade".
Quer pratique a consciência da respiração como uma meditação formal, quer não, a decisão é sua. No entanto, a meditação formal não substitui o facto de se trazer a consciência do espaço à vida quotidiana.
Estar consciente da sua respiração força-o a entrar no momento presente, o que constitui a chave para a transformação interior.
Sempre que estiver consciente da sua respiração, estará absolutamente presente.
Também pode reparar que não é capaz de pensar e estar consciente da sua respiração ao mesmo tempo.
A respiração consciente faz parar a sua mente.
Mas, em vez de estar em transe ou meio a dormir, você está completamente desperto e muito atento. Não está abaixo do pensamento, mas acima dele. E, se observar com mais atenção, vai descobrir que essas duas coisas - estar plenamente no momento presente e deixar de pensar sem perder a consciência - são, na realidade, uma só: o nascer da consciência do espaço.


(Eckhart Tolle)

domingo, 11 de maio de 2008

aqui e agora


Não existe tempo para além deste tempo?
Não existe nenhum momento que não seja este momento?
Estamos a "viver" num agora eterno que nunca foi ontem nem será amanhã?
A nossa mente (que a fisicalidade limita) não entende assim, muito facilmente.
A nossa mente precisa de ser expandida para entender que o Eterno Momento do Agora contém tudo aquilo que é possível imaginar.
Contém todas as escolhas que fazemos, contém todos os desfechos, contém todas as probabilidades.
É como um CD gigante, um disco cósmico onde tudo está armazenado, onde todos os pensamentos estão gravados, onde as sensações, os sentimentos e emoções vão ficando registadas.
Nada do que fazemos ou pensamos se perde.
Tudo é energia e tudo está vivo, pronto a ser seleccionado pelos intérpretes da vida.
Os "milagres" acontecem porque o Universo possui TUDO o que ousamos desejar.
Está TUDO criado no gigantesco disco cósmico, pronto a ser escolhido para ser experienciado nesta vida que escolhemos.
Estamos a jogar um "jogo", um jogo sublime e mágico.
O Processo divino oferece-nos uma dádiva todos os dias de todos os momentos. Criado o tempo físico, podemos usufruir e vivenciar, profundamente, aquilo que o Eterno Momento do Agora abundantemente possui.


sexta-feira, 9 de maio de 2008

voando baixo


Apetece-me abrir as janelas de par em par, ser a gaivota que voa, voar para um lugar diferente...
Voar para um lugar diferente significa conhecer uma outra parte de mim!
Lá de cima, o mundo faz-se pequeno e tudo se torna do mesmo tamanho e da mesma cor.
Tudo é igual, tem a mesma força e os mesmos defeitos.
Lá de cima, não somos "nós"! Somos um todo!
Voando baixo, desejamos viver!
Voando baixo, desejamos ter!
Queremos o que nos ensinaram e o que nos prometeram.
Queremos um beijo!
Mas se queremos "receber o beijo prometido" e "voar com mais alguém", então vamos dizer que procuramos também a alegria, a fraternidade, o conhecimento e a aceitação...
O beijo vem envolto na luz e é magnífica a sua textura e a doçura do seu momento...

quinta-feira, 8 de maio de 2008

antes do mais


Julgo que o importante não está em procurarmos coisas dentro de nós que possam interessar ou fazer inveja a quem quer que seja.
Julgo que o importante é sabermos o que queremos ser a cada instante, conscientes de que isso vai valorizar a nossa evolução.
Quando formos o suficiente, é sinal de que temos abundantemente para distribuir.
Ninguém pode pretender dar alegria a alguém, se antes disso não introduziu a alegria dentro de si.
Uma pessoa triste dificilmente dará alegria a outra!
Uma pessoa infeliz dificilmente fará alguém feliz!
Uma pessoa má dificilmente transmitirá bondade!
Antes do mais, há que SER-SE diferente!
Diferente para melhor!
O resto virá naturalmente...

terça-feira, 6 de maio de 2008

tempestades

É verdade, o Sol continuará brilhando, mas tudo continua com a importância que se lhe deu.
Não pretendamos que o tempo se encarregue de corrigir o que não fizémos.
As coisas são más, porque assim as apelidamos ou porque tradicionalmente nos "ensinaram" a entendê-las dessa maneira.
O problema é quando as tempestades passam por nós, e delas não tiramos os devidos ensinamentos.
Como se o acaso existisse e, por um acaso qualquer, a tempestade me tivesse escolhido a mim (ou a ti, particularmente...) para abater.



terça-feira, 29 de abril de 2008

problemas


Quem não tem problemas no seu dia-a-dia?
Li algo sobre isso num livro editado em 1965 que me parece ter sido escrito hoje...
Os problemas existem porque "nós" os criamos.
Sem nos cansarmos, consideremos um problema que nos esteja a incomodar, sem fugirmos à questão, como normalmente acontece. Quantos de nós receamos encarar o problema, damos voltas à cabeça, procuramos esquecê-lo, evitamo-lo, etc., etc..
Por mais desagradável que seja esse problema, por mais culpado que nos sintamos frente a alguma coisa, procuremos proceder de uma forma diferente.
Vamos abrir a nossa mente, com determinação, abordemos esse problema, procuremos a raiz da questão que se prende com ele, encaremo-lo de frente, descubramos o que nos perturba e o que nos assusta.
Depois... quando tivermos examinado, connosco mesmos, os aspectos desse problema, VAMOS DORMIR COM ELE!
Se você "dormir com uma coisa", ela será passada ao seu Eu Maior, que tem compreensão muito mais ampla do que a sua. Quando o seu Eu Maior, ou mesmo o seu subconsciente, puder examinar o problema e sair com uma solução, é frequente passar essa solução para o seu consciente, indo ter à sua memória.
Quando despertar, vai notar, com espanto e satisfação, que tem a resposta para aquilo que o estava a perturbar.


segunda-feira, 28 de abril de 2008

um dia de cada vez


Todas as palavras que possamos dizer apenas reflectem um pouco daquilo que desejaríamos fazer para ajudar.
Depois de alguns dias soalheiros, o tempo acalma, compõe o céu de novo com nuvens esbranquiçadas e afirma-se mais de acordo com a estação do ano presente.
Li de novo a tua escrita, sem me surpreender.
É bom sentir-te melhor!
A pouco e pouco, a tranquilidade vai-se acentuando e sentes-te já outra! Só que o fingir não é uma boa ajuda. Quanto mais fugires a uma coisa, mais essa coisa te vai perseguir! Não confies nesse "adormecimento"! O que tens a fazer é enfrentar as coisas que te magoam!
Se te sentes calma é altura para decidires o que é melhor para ti! Dês os passos que deres, a dor só regressa se deixares que ela regresse!
Não tem mal confiar nas pessoas. As pessoas são como todos nós. Estão a vivenciar esta vida, tal como tu e eu andamos a fazer.
Tu também podes ser mais lúcida, e entenderes que tudo isto é um jogo! É uma representação que tem a tua participação. Porque não jogares este jogo com alegria e verificares que é extraordinariamente excitante e engrandecedor?...
Não te aflijas com as horas, nem com o que te pode acontecer amanhã!
Tens o teu emprego e a tua casa? E família e amigos? E vizinhos e hobbies pessoais? Extrai daí tudo o que considerares bom para a tua alegria! E vive isso com intensidade e amor!